A influencia de décadas passadas é uma constante na moda, e a cada estação, percebe-se que o “antigo” está cada vez mais novo, ou seja, estamos buscando referências em um passado não muito distante, com estas influencias de outras épocas para a Diguete prepara três estilos diferentes que permeiam a coleção de inverno 2017.
Os anos 1970, que foram grande fonte de inspiração em coleções anteriores, começa a se diluir e dar espaço a década de 1980, definindo um dos estilos: o Flashback 80, com referências worker e pop misturadas nas produções, com ar glam do rock da época.
Já o segundo estilo traz um perfume vintage e excêntrico ao mesmo tempo, aqui, as peças parecem ter sido tiradas do guarda-roupas da vovó e repaginadas através de produções ousadas retrabalhadas com bordados modernos.
No terceiro estilo, as referências de homewear e minimalismo andam lado a lado, resultando em um visual moderno e com uma certa desconstrução da silhueta tradicional feminina. Essas novas proporções indicam também um comportamento cada vez mais vigente, do empoderamento feminino, por meio do uso de roupas que não marcam o corpo.
Flashback 80
O Flashback 80 traz a moda da década em duas vertentes. A primeira explora o visual worker, inserido no guarda-roupa feminino em função da maior representação da mulher no mercado de trabalho e influenciado pela geração Yuppie. A segunda é focada no lado pop dos anos 1980 devido à cena musical, como a ascensão do New Wave, trazendo para os looks um tom de exagero em formas e cores. Portanto, percebe-se que nesta temporada há o uso de cada uma destas referências de forma individual, e também a mistura delas, reforçando a ideia de poder feminino, mas com um toque divertido.
Referência
Worker
A geração Yuppie, dos jovens profissionais que invadiram o mercado de trabalho nos anos 1980, é uma das principais referências deste estilo. Em função desta nova posição, em que a mulher assume novos postos ao lado dos homens, seu visual sofre alterações, trazendo forte influência da alfaiataria com modelagens mais amplas e volumes nos ombros. A sobriedade é outra característica marcante, entretanto as vezes é aliada a um toque de sensualidade, com decotes pronunciados ou cintura marcada.
Pop Wave
Em contrapartida ao visual da referência anterior, aqui é o exagero que caracteriza as produções. A cena musical é a principal influenciadora, como o New Wave e o pop de artistas como Madonna. Com isso, as misturas são pautadas por volumes e tamanhos amplos, como ombros em destaque e brincos grandes. As superfícies chamam atenção pelo uso de tons vibrantes, padronagens ou brilhos.
Granny Style
Desde as apresentações de pre-fall foi notado que um visual mais recatado estava sendo explorado nas coleções. Entretanto, vale ressaltar que as produções que parecem ter sido tiradas do guarda-roupas da vovó, seguem referências distintas, ora com um viés mais tradicional e romântico, da lady clássica, ora totalmente excêntrico e pautado por misturas. O que fica são as modelagens comportadas, um mix interessante de acessórios e como truque de styling, as sobreposições, dando graça ao visual. O grande diferencial deste estilo é, transpor de forma simples, todas estas referências para um visual moderno e jovial.
Referência
Classic Lady
O visual clássico da vovó, como uma lady, ganha importância como inspiração, trazendo referências de mulheres como Rainha Elizabeth devido a sua elegância. Aqui há uma valorização do romantismo com modelagens recatadas, florais e tons suaves como principais elementos. A Era Eduardiana, como retratada na série Downton Abbey, também surge entre as referências em decorrência da feminilidade e delicadeza das mulheres da época.
Excentricidade criativa
Por outro lado, é possível perceber que nos últimos anos muitas mulheres maduras, principalmente da terceira idade, estão adotando um visual mais excêntrico, deixando de lado o romantismo e a delicadeza, apostando em misturas criativas e inusitadas. Um exemplo disso é o blog Advanced Style, que retrata pessoas idosas com visual irreverente, e que também virou documentário. Toda essa mistura, com um certo toque kitsch, tem sido também muito bem explorada pelo estilista Alessandro Michele na Gucci, tornando-se uma importante referência de estilo nas últimas temporadas. Vale ficar de olho em personalidades como Iris Apfel e Vivienne Westwood!
Effortless
Simplicidade é a principal caraterística deste estilo, que é casual e elegante ao mesmo tempo. As roupas destinadas ao homewear, que há algumas estações estão em alta, aparecem como uma das principais referências, principalmente pela sensação de aconchego que proporcionam. Para dar um perfume mais sofisticado, o minimalismo surge como fonte inspiracional pelo seu visual limpo e valorização das linhas simplificadas. Com isso, as produções trazem um ar moderno sem perder o foco comercial.
Referências
Homewear
Se nas últimas temporadas muito se falou de transpor o underwear para a moda casual, desta vez, são as peças de homewear que ganham maior atenção. As roupas para ficar em casa, bem como as lingeries confortáveis, emprestam suas características de conforto e aconchego para os lançamentos de inverno, sempre pautadas por materiais macios ou leves, e uma cartela de tons suaves.
Minimalismo
Influência constante na moda, o minimalismo desta temporada, além de valorizar as formas limpas e simplificadas, traz a mistura de referências masculinas com um toque de sensualidade. A inspiração pode vir de diversos meios, como arte, arquitetura e design gráfico, que trazem na sua concepção, a elegância da simplicidade. Há uma preferência por tons neutros, assim como por materiais com viés tecnológico.
por LUCAS RIZATTI – consultoria de moda